Custo médio do aluguel residencial no Rio sobe 21% em 2011

É dura a vida do inquilino no Rio de Janeiro. O custo médio do aluguel residencial na capital fluminense disparou 21,4% no ano de 2011, segundo o Índice FipeZap divulgado nesta quarta-feira. No mesmo período, o IGP-M, utilizado para reajustar aluguéis, subiu apenas 5,1% e o aluguel em São Paulo aumentou 14,5%. Na venda de imóveis, o preço médio do metro quadrado teve valorização ainda maior no Rio, de 34,9% no ano, a maior entre as sete regiões pesquisadas.
 
Apesar de o aluguel ter subido quatro vezes mais do que o IGP-M no ano passado, o índice Fipezap mostra uma desaceleração no ritmo do aumento de preços. Isso porque o aluguel tinha crescido mais entre dezembro de 2010 e de 2009 (34,4%). Também houve moderação no aumento dos preços de venda, já que o metro quadrado tinha aumentado 39,6% de 2009 para 2010. Cláudio Hermolin, vice-presidente da Associação de Dirigentes do Mercado Imobiliário (Ademi-RJ), explica que a redução na velocidade de preços no setor é esperada, isto porque o mercado já recompôs a perda de valor imposta a cidade, em décadas passadas, pela falta de infraestrutura, pela violência e a saída de grandes empresas do Rio:
 
— O mercado do Rio vive um momento ímpar, realmente diferente dos demais mercados do Brasil. Num passado recente sofremos bastante com a falta de investimento, com a saída do mercado financeiro e de indústrias. Agora além do alinhamento entre governos municipal, estadual e federal tivemos ótimas notícias como a realização da Copa e da Olimpíadas na cidade. Os eventos em si não afetam diretamente o setor, mas acabam impulsionando-o por garantir obras de infraestruturas, como a duplicação da Avenida das Américas, o metrô da Barra, e as UPPs que têm efeito sobre o valor dos imóveis. Os picos de aumentos que vivemos recompuseram o valor real dos imóveis e agora o que devemos presenciar é a evolução dos preços de acordo com o próprio desenvolvimento da cidade — diz Hermolin.
 
Como exemplo desse movimento, o vice-presidente da Ademi cita a Tijuca, que depois das UPPs, teve o preço do metro quadrado mais do que duplicado, de R$ 3 mil para R$ 7.500, e os bairros de Ipanema e Leblon, que tiveram uma valorização de cerca de 60% com a volta dos investimentos na cidade e a impossibilidade de numerosos lançamentos na região:
 
— Excluindo a orla dos dois bairros, que têm preços fora da curva, o metro quadrado saiu de uma faixa entre R$ 12 mil e R$ 14 mil para R$ 20 mil. Afinal, é uma ilha onde todo mundo quer estar lá e não há como aumentar muita oferta de novos imóveis. Como o mercado de venda de avulsos é o que impera na região falta parâmetros, cada um cobra o que quer. De qualquer forma, não devemos ver novos saltos de preços nesse mercado. Daqui pra frente os preços devem andar mais em paralelo ao desenvolvimento econômico do Rio, sem grandes disparidades.
 
A escalada dos preços acertou em cheio a inquilina Tatiana Coura. Ela recebeu de presente de Natal o comunicado do proprietário do imóvel que aluga, há seis anos, para que deixe a cobertura de dois quartos em que mora em Botafogo. Ela e o marido propuseram ao locador dobrar o valor do aluguel, mas ainda não obtiveram resposta. Trinta apartamentos visitados depois, mesmo disposta a desembolsar mais do que o dobro do que pagava (R$ 2 mil), Tatiana ainda não achou um apartamento para morar:
 
— Estamos procurando três-quartos, com valores entre R$ 3 mil e R$ 5 mil, em Jardim Botânico , Botafogo, Fonte da Saudade e Laranjeiras. Fiz uma proposta há dez dias para um apartamento em Laranjeiras, mas até agora não recebi resposta. Acho que estão fazendo leilão para ver quem dá mais – conta Tatiana, que já pensa na hipótese de comprar um imóvel.
 
Recife teve segunda maior valorização
 
Na média das sete regiões pesquisadas, a alta foi de 26,3% em 2011, ainda de acordo com o índice Fipezap. Depois do Rio, Recife teve o segundo maior aumento, de 30,7% no preço médio do metro quadrado para venda, seguido por São Paulo (27,0%), Belo Horizonte (22,7%), Fortaleza (18,4%), Distrito Federal (14,0%) e Salvador (6,8%).
 
Mas a região com o metro quadrado mais caro do país ainda continua a ser o Distrito Federal, cujo preço médio chegou a R$ 7.919 em dezembro. O Rio vem logo atrás com um valor médio de R$ 7.421.
 
Na capital fluminense, foram os imóveis de um dormitório que tiveram a maior valorização no ano (39,4%) com o metro quadrado alcançando valor médio de R$ 8.892. O valor é superior ao preço do metro quadrado de imóveis de dois (R$ 5.884) e de três dormitórios (R$ 7.252), só perdendo para o custo médio de unidades com quatro quartos ou mais (R$ 9.540).
 
O bairro mais caro para venda ainda era o Leblon, cujo preço médio do metro quadrado chegava a R$ 17.156. Na sequência, está Ipanema, com custo médio de R$ 15.383 no metro quadrado. No outro lado, o metro quadrado mais barato era vendido em Coelho Neto (R$ 1.009), seguido por Anchieta (R$ 1.144).
 
O índice Fipezap pesquisa preços de aluguel em São Paulo e Rio de Janeiro e de venda de imóveis em seis cidades (Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife, Belo Horizonte e Fortaleza) e no Distrito Federal. Os anúncios do site Zap Imóveis são a base da pesquisa e o indicador é calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

(O Globo)

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