Esqueça o motorista. Chame o piloto

Criada há oito meses, a Avantto vende cotas de helicópteros e aviões para empresários e já conquistou 300 clientes no Brasil.

O bilionário americano Warren Buffett é um empresário  notoriamente bem-sucedido, por meio dos investimentos que faz a partir da Berkshire Hathaway, a sua holding de participações em empresas. Mas um fato menos conhecido é que um dos negócios que o terceiro homem mais rico do mundo detém há mais tempo é a empresa de serviços de aviação NetJets, adquirida em 1998. Ela foi a criadora do conceito de propriedade compartilhada de jatos executivos, em que os clientes compram cotas das aeronaves, deixando o gerenciamento a seu cargo. Dessa forma, a NetJets montou a maior frota do mundo, com mais de 800 aeronaves, número superior ao de qualquer empresa aérea comercial. É esse o modelo que a Rio Bravo Investimentos, que tem entre os seus sócios o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco e os empresários Mario Fleck e Paulo Bilyk, pretende replicar no Brasil. Há apenas oito meses, o fundo criou a Avantto. Com pouco tempo de vida, a companhia, no entanto, já exibe alguns números vistosos.

São 46 aeronaves compartilhadas entre helicópteros e jatos executivos – a expectativa é chegar a 50 até o final do ano – e mais de 300 clientes, entre empresários, artistas, advogados, consultores e empresas, como o Banco Santander. “Queríamos investir em uma empresa de administração de aeronaves, por conta da pujança da aviação executiva no Brasil e das dificuldades dos empresários em se locomover pelo território”, afirma Marcelo Romeiro, sócio e gestor de fundos da Rio Bravo. “O nosso modelo segue o da NetJets, mas tem alguns incrementos.” Além de cuidar de aeronaves que são vendidas aos clientes em cotas de 10% ou 20%, como faz a NetJets, a Avantto também presta os serviços de manutenção para quem já possui o próprio avião. Nos dois modelos, a companhia brasileira assume todos os aspectos da gestão: treinamento, tripulação, aluguel de hangar, seguro e manutenção. “O cliente precisa apenas nos ligar e dizer para onde vai e quando”, afirma Rogério Andrade, executivo contratado para presidir a Avantto.
 
De preferência, o cliente voa com a aeronave na qual tem participação. Mas se ela estiver em manutenção, qualquer outro helicóptero ou avião da frota pode ser utilizado. Outra diferença, em comparação com a NetJets, é o fato de a Avantto trabalhar também com helicópteros – ela opera quatro modelos diferentes. Em relação aos aviões comerciais, a companhia utiliza o Phenom 100 e 300, da Embraer. Hoje, a Avantto é a maior operadora de jatos da Embraer do Brasil. O motivo que atrai clientes como o Banco Santander para a Avantto não pode ser explicado apenas pelo caos dos aeroportos brasileiros e pelos atrasos e adiamentos frequentes dos voos. De acordo com Andrade, a aviação comercial regional atende apenas 90 cidades no Brasil. “Há executivos e empresários que precisam visitar lojas no interior do Nordeste e do Centro-Oeste e só conseguem chegar a esses destinos após fazer uma escala em Brasília”, diz o presidente da Avantto.
 
Além disso, o modelo de compartilhamento de uma aeronave é mais econômico. O veículo de entrada da frota da Avantto, o helicóptero Robinson, custa R$ 669 mil. Uma cota de 10%  vale R$ 66,9 mil e dá direito a dez horas de voos mensais. Há ainda uma taxa de administração e despesas com aeroporto, combustível e tripulação. Depois de iniciar suas operações por São Paulo e Rio de Janeiro, a Avantto deve estender seus serviços para outros Estados em breve. Minas Gerais está nos planos. Ao administrar 46 das 1,6 mil aeronaves executivas do Brasil, os investidores ainda veem espaço para crescimento entre 30% e 50% ao ano, apenas com novos clientes, pelos próximos cinco anos. “E, como o mercado é muito pulverizado, há ainda oportunidades para a consolidação”, diz Romeiro.

(Carlos Eduardo Valim l Isto É Dinheiro)

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