Farmácias são destaque do varejo em ano ruim para bens duráveis

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Os indicadores macroeconômicos e o comportamento dos consumidores, que estão mais cautelosos na hora de ir às compras, tiveram impacto diferente nas diversas empresas que compõem o amplo segmento de consumo no país.

Guilherme Assis, analista do Brasil Plural, destaca farmácias como as companhias mais bem colocadas do setor, enquanto as que vendem bens duráveis são as que têm os maiores desafios para crescer no cenário atual.

O profissional explica que o segmento de farmácias é o mais resiliente e com potencial de crescimento após a onda de fusões e expansão das redes. Entre as listadas, Raia Drogasil apresentou um bom desempenho, com aceleração das vendas de unidades criadas há mais de um ano (mesmas lojas) e crescimento acima da inflação. O lucro da companhia cresceu 123% no quarto trimestre, para R$ 62,1 milhões.

Foi um ano atípico, sobretudo por causa da Copa do Mundo, mas desaceleração foi forte no quarto trimestre

“A empresa se destaca por estar em um segmento mais imune à crise, com baixo ticket médio e sem dependência do crédito. O envelhecimento da população também ajuda, pois aumenta a procura por medicamentos”, diz Assis, do Plural.

No ramo de alimentos, o Pão de Açúcar decepcionou o mercado com os resultados do quarto trimestre, ao mostrar crescimento de 1% nas vendas “mesmas lojas” (unidades abertas há pelo menos um ano).

O Credit Suisse diz reconhecer que a fraca performance recente dessa área da companhia é um motivo de preocupação, mas que o grupo está trabalhando duro para reverter a tendência nos próximos meses.

“Continuamos a acreditar que, com os diferentes modelos de lojas e negócios, a companhia continua excepcionalmente bem posicionada para continuar a crescer e, ao mesmo tempo, aumentar os retornos”, afirma a equipe liderada pelo analista Tobias Stingelin, em relatório do Credit.

O nicho de bens duráveis, que inclui Via Varejo, Magazine Luiza, B2W e Americanas, é o que mais sofre com a desaceleração econômica, dizem os especialistas. O ano passado foi atípico, sobretudo com os efeitos da Copa do Mundo de futebol sobre a demanda, mas o quarto trimestre mostrou forte desaceleração.

Para os analistas, a dinâmica do fim do ano está mudando, com transferência de parte das compras do Natal para a liquidação da “Black Friday”, que tradicionalmente acontece em novembro.

A Via Varejo melhorou os resultados no quarto trimestre, com ganho de margem, em detrimento do crescimento das vendas. O profissional do Brasil Plural observa que a empresa adotou essa estratégia e entregou o lucro prometido aos acionistas. A dúvida que fica, segundo ele, é se a companhia vai conseguir sustentar essa tática com o ambiente macroeconômico mais difícil e de forte concorrência.

O Magazine Luiza apresentou desaceleração na segunda parte do ano de 2014. A varejista optou por não entrar em guerra de preços em meio à grande competição. A B2W teve lucro no quarto trimestre, após muito tempo, mas não em decorrência do sucesso das operações. O aporte de capital que a empresa recebeu no ano passado possibilitou o registro do ganho líquido. A Lojas Americanas é o ponto fora da curva, destacam os especialistas. A varejista tem ticket médio baixo nos produtos e mix de vendas muito dinâmico, o que a deixa em posição mais defensiva na comparação com as demais.

Entre as varejistas de moda, a estratégia das companhias tem se mostrado o diferencial. A Renner é a predileta entre os analistas e continua mostrando forte crescimento nas vendas mesmas lojas, o que indica que tem a melhor execução entre as concorrentes. Hering e Marisa apresentaram números fracos no quarto trimestre, assim como a Guararapes.

“O ambiente macroeconômico atrapalha todas as varejistas têxteis. A execução da estratégia de administração da companhia e as operações consistentes fazem a diferença”, afirmou Assis, do Brasil Plural.

(Valor)

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