Os fundadores da Gávea Investimentos, uma gestora de recursos sediada no Rio de Janeiro, chegaram a um acordo para recomprar a empresa do J.P. Morgan Chase & Co., disseram nesta quarta-feira pessoas familiarizadas com as negociações.
Segundo o acordo, que ainda não foi assinado e está atualmente sob revisão dos advogados, a companhia original voltará a seus fundadores, incluindo Armínio Fraga, disse uma das fontes. O J.P. Morgan deve ser pago ao longo de 10 anos com parte do lucro da Gávea, segundo as fontes. O valor do negócio não está ainda claro.
A Gávea manterá seus fundos de hedge e de private equity, que são o núcleo de seus negócios. Os fundos de ações e do setor imobiliário – criados após a venda para o J.P. Morgan – devem ficar com o banco dos EUA, segundo uma das pessoas ouvidas.
No fim de 2010, a Gávea vendeu uma fatia de 55% ao J.P. Morgan, através do Highbridge Capital Management, o fundo de hedge e de private equity do banco norte-americano. O Highbridge pagou estimados US$ 270 milhões por essa parcela da companhia. Com o tempo, o banco dos EUA exerceu sua opção de adquirir os demais 45%, dizem as fontes.
O J.P. Morgan tem preparado sua saída do fundo de investimentos. Na semana passada, a diretora-financeira do banco, Marianne Lake, disse que um aumento de US$ 231 milhões nas despesas do segundo trimestre na unidade de gerenciamento de ativos do banco era relacionado em parte à mudança de um ativo que o banco estava planejando vender para uma diferente parte do banco. Segundo pessoas ligadas ao assunto, a Gávea é o ativo ao qual ela se referia.
Atualmente, a Gávea tem US$ 5,3 bilhões em ativos sob seu gerenciamento, um montante que deve diminuir um pouco com o novo negócio. A companhia tem escritórios no Rio de Janeiro e em São Paulo, com uma equipe de 140 pessoas, segundo seu site.
A companhia brasileira de investimentos foi fundada em 2003 por Fraga, ex-presidente do Banco Central do Brasil que já trabalhou como gestor de fundos para George Soros.
Na eleição presidencial do ano passado, Fraga foi conselheiro do candidato Aécio Neves (PSDB) e apontado como um possível futuro ministro das Finanças, caso o tucano ganhasse a presidência. Aécio acabou derrotado pela presidente Dilma Rousseff.
Com a atenção de Fraga totalmente voltada para a Gávea, a empresa pode enfatizar seu negócio original e ter a flexibilidade de uma butique de investimentos, disse uma das fontes ouvidas. O J.P. Morgan, por sua vez, reduz sua exposição ao Brasil, no momento em que o País enfrenta uma estagnação econômica e uma crise política, com a presidente com baixa popularidade e dificuldades para aprovar reformas econômicas cruciais. “O Gávea tem se saído bem, mas o Brasil não”, disse uma das fontes ouvidas.
(Istoé Dinheiro)