O grupo pernambucano Fernandes Vieira (GFV) está em negociações para a venda de uma participação minoritária de seus negócios de saúde. A companhia, que possui dois hospitais e duas unidades de diagnóstico, está em conversas com os controladores da Rede D’Or, além dos fundos Texas Pacific Group (TPG), Advent, KKR e Apax, apurou a reportagem com fontes familiarizadas com o assunto.
“O grupo manteve conversas com os fundos, mas a Rede D’Or é a que mais chances tem de levar o negócio por conta das sinergias”, afirmou uma das fontes envolvidas nas negociações.
A princípio, as conversas são para a compra de uma fatia minoritária, disse uma fonte, sem revelar o porcentual que poderá ser negociado. “A depender do cheque, o grupo pode até vender o controle”, afirmou. O valor total da área de saúde da companhia gira em torno de R$ 500 milhões.
Com faturamento de cerca de R$ 400 milhões em sua divisão de saúde, o Grupo Fernandes Vieira, fundado em 1964, também atua em agronegócios.
A área de saúde conta com dois hospitais – Santa Joana e Memorial São José – e dois laboratórios de diagnóstico, todos localizados em Recife. Juntos, os hospitais têm 335 leitos instalados, 113 leitos de UTI e 24 salas cirúrgicas. Os dois hospitais do grupo são considerados referência na região Nordeste do País.
Procurado, o GFV informou, por meio de sua assessoria, que não comenta especulações do mercado. “O GFV ressalta que não tomou a iniciativa de procurar nenhum fundo ou parceiro, mas ressalta que está atento aos movimentos que estão sendo realizados pelas empresas do setor no País.” Os fundos Advent, Apax e TPG e a Rede D’Or também não comentam o assunto. O KKR não respondeu aos pedidos de entrevista.
Neste ano, a Rede D’Or, que é controlada pela família Moll, fundadora do negócio, e tem o BTG Pactual como acionista desde 2010, recebeu aportes de dois importantes fundos de investimentos. Em abril, a Rede D’Or vendeu 8,3% de seu capital para o fundo americano Carlyle, por R$ 1,75 bilhão. Um mês depois, a rede vendeu 15% do seu negócio para o fundo soberano de Cingapura, o GIC, por R$ 3,2 bilhões.
“Esses recentes investimentos dão musculatura para que a Rede D’Or seja uma das maiores consolidadoras do País”, disse o executivo de um grande banco, que representa um dos fundos que negociam a participação no GFV.
Lei
No dia 20 de janeiro, o governo federal aprovou a lei nº 13.097, permitindo a entrada de capital externo no segmento hospitalar. De acordo com a mudança nas regras, estrangeiros podem adquirir participação total ou parcial em hospitais, mesmo os filantrópicos, clínicas gerais ou especializadas, laboratórios de genética humana, de análises clínicas, de anatomia patológica e de diagnóstico por imagem.
Essas mudanças devem atrair grandes investidores internacionais ao setor hospitalar, segundo fontes de mercado ouvidas pela reportagem. “A Rede D’Or e os hospitais do empresário Edson Bueno, ex-dono da Amil, são os mais visados. Os fundos procuram oportunidade de negócios fora do eixo Rio-São Paulo”, disse o gestor de um grande fundo de investimento.
(Istoé Dinheiro)