Hunter Douglas prevê crescer com aeroportos e estádios

Uma leva de apartamentos novos está sendo entregue e outros tantos estão por vir. Ao mesmo tempo, estádios e aeroportos começam a ser erguidos e ampliados para a Copa do Mundo de 2014. A holandesa Hunter Douglas, no Brasil há 40 anos, pretende aproveitar ambas as oportunidades. Com uma divisão de produtos arquitetônicos, que fabrica fachadas e forros, e de decoração de janelas, com persianas para todos os bolsos, a empresa mantém a projeção de fechar o ano com crescimento de 20% – algo atípico em tempos de queda nas expectativas de crescimento da indústria de materiais de construção e produtos ligados à cadeia.

Atualmente, a divisão de forros e fachadas representa 25% do negócio, mas a expectativa é que a divisão chegue a representar 40% do mix de vendas em três anos. O primeiro projeto da companhia no país, em 1971, foi o forro do aeroporto do Galeão, no Rio – que continua o mesmo. O do aeroporto de Guarulhos também foi feito pela empresa. "Os aeroportos é que devem puxar essa meta de crescimento da divisão de produtos arquitetônicos", afirma Marcelo Siviero, diretor-geral da Hunter Douglas.

Nessa área, a empresa também tem fachadas metálicas, de madeira e de uma resina batizada de terracota, que recobre prédios corporativos. A empresa fez o prédio do Santander e Rochaverá, em São Paulo, e acaba de fechar a cobertura dos três prédios comerciais do Complexo Cidade Jardim, da JHSF. A companhia holandesa também desenvolveu a tecnologia de lâminas metálicas para estádios. O produto será usado na nova arena do Palmeiras. Segundo Siviero, das 15 arenas que serão construídas para a Copa, 12 já tiveram o produto especificado (mas sem contrato fechado).

Mais recente na subsidiária brasileira, a divisão de decoração de janelas está no país desde 1991, com a marca Luxaflex. Nesse mercado, a Hunter Douglas atua com persianas horizontais de alumínio e madeira – onde há grande concorrência com marcas nacionais. No mercado premium, vendem as chamadas cortinas celulares, que usam tecidos e são automatizadas. O preço varia de R$ 250 o metro quadrado até R$ 1,6 mil o metro quadrado.

Incomodada com a concorrência e disposta a ampliar sua área de atuação, este ano a Hunter Douglas passou a disputar o mercado de produtos mais baratos e ressuscitou a marca Columbia, tradicional nos anos 80 e 90. A empresa Columbia faliu em 1998 – em parte, motivada pela estratégia agressiva da própria Hunter Douglas. Apesar dos preços mais altos, a empresa se firmou no mercado de persianas com larga distribuição e prazo de entrega reduzido.

Em 1999, o grupo holandês adquiriu a marca, mas cedeu o direito de uso para a Inbrape (Indústria Brasileira de Persianas) por três anos. Retomou a marca desde 2003 e apenas em fevereiro deste ano decidiu relançá-la – com a mesma linha de produtos da Luxaflex, mas preços cerca de 30% mais baixos. Segundo Siviero, a marca é vendida em lojas multimarcas e Luxaflex ficou apenas com distribuidores exclusivos. Atualmente, a empresa trabalha com 400 revendas exclusivas e 600 multimarcas.

O grupo, que tem 68 fábricas e 99 montadoras em mais de 100 países, faturou US$ 219 milhoes na América Latina e o Brasil representa 35% – US$ 77 milhões em 2010. Mundialmente, a companhia atingiu faturamento de US$ 2,445 bilhões.

No Brasil, em 2010, a Hunter cresceu 19% (em reais), depois de permanecer estável em 2009. O ano de 2008 (antes da crise) havia sido o mais rentável da companhia. "Queremos bater a rentabilidade de 2008 e o faturamento de 2009", afirma Siviero. Acaba de investir R$ 5 milhões na ampliação da única fábrica que possui no Brasil, em Campinas. " Estamos nacionalizando cada vez mais nossa produção, hoje 70% dos componentes são nacionais, mas a meta é chegar a 85%", diz o executivo. Na área de produtos arquitetônicos, cerca de 70% são importados do Chile e Alemanha.

(Daniela D”Ambrosio | Valor)

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