Rede varejista fluminense alça voos para se tornar uma marca nacional, dentro da estratégia de seu controlador, o BTG Pactual.
A compra de 50 filiais do Grupo Seller, rede de lojas de departamento com atuação em cidades do interior de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, pela Leader, no mês passado, é um ensaio da varejista fluminense em rumo aos seus planos de expansão. A estratégia de crescer em um novo mercado poderá levar a empresa a mudar também de endereço, afirmam especialistas.
Isso porque o apetite por aquisições da rede não deve parar por aí uma vez que o apetite do controlador, o BTG Pactual, dono de 70% da Leader, costuma ser bem maior. Para um analista que acompanha o setor, a troca da sede da companhia não será uma surpresa. Com as decisões na mão do BTG, estar perto das oportunidades de negócio são é um caminho natural.
“A mudança para São Paulo seria mais política. E facilitaria, inclusive, alguns trâmites econômicos e comerciais. Obviamente, a tecnologia nos permite hoje fechar negócios sem sair do escritório. Mas o varejo precisa sempre ser acompanhado de perto. Quanto mais próximo do alvo, melhor. E o BTG, como dono da Leader não quer perder oportunidades. O plano de crescimento da Leader é nacional”, afirma a fonte, que não descarta a possibilidade de aquisições no Nordeste.
A professora do MBA de Estratégias e Ciências do Consumo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-Rio), Hilaine Yaccoub, também acha que o caminho natural de uma empresa que quer se expandir para o Centro-Sul, é marcar território em São Paulo.
“Faria sentido em um processo de crescimento pela proximidade com marcas, instituições financeiras e possibilidades de parcerias”, avalia ela.
Mas, para crescer, é preciso aprender. E nesse caso, a aquisição do Grupo Seller é uma boa escola. Ricardo Klein, sócio da Top Brands, afirma que a compra da Seller, que tem um modelo de negócios parecido com o da Leader, faz todo o sentido.
“Não foi apenas uma oportunidade. A Seller garante a capilaridade da Leader em cidades do interior, onde o poder de compra da população cresce e se assemelha ao perfil do cliente da Leader no Rio. Ou seja, consumidores das classes C e D”, diz.
Para Klein, dificilmente a Leader vai descontinuar a marca Seller, porque ela é conhecida no interior de São Paulo e dos outros estados onde está presente.
“O BTG sabe que a marca é forte e o trabalho com a Seller é conhecer o território, tanto do ponto de vista financeiro quanto de percepção de marca.”
Hilaine Yaccoub, da ESPM-Rio, diz que as duas varejistas têm um perfil parecido. Mas o comportamento de consumo é totalmente diferente. E, para quem quer conquistar um novo mercado com a sua marca, é preciso saber o que oferecer nas gôndolas.
“Os hábitos de consumo são decisivos para que uma rede como a Leader, que não tem tradição em São Paulo, possa se expandir sem riscos. Por isso, a Seller, que é uma marca forte no interior e antiga nesse mercado, será um bom campo de testes. Para a Leader, foi vantajoso investir em uma rede com um perfil parecido na origem e diferente no forma de atender ao desejo do consumidor”, assinala.
Com 79 unidades em oito Estados brasileiros (Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Rio Grande do Norte, Sergipe e Bahia), a Leader vende roupas, calçados, acessórios e artigos para o lar. O plano para 2013 é chegar a 100 lojas. A empresa surgiu em 1951, em Miracema, interior do estado do Rio. Abriu em 1966 a primeira loja em Niterói e iniciou a expansão para outras cidades a partir dos anos 90.
Riachuelo vai abrir loja na Oscar Freire
Grifes como Dior, Louis Vuitton e Versace ganharão, no final de novembro, uma vizinha incomum: a Riachuelo. A rede com foco na classe média irá inaugurar uma unidade na Rua Oscar Freire, em São Paulo, conhecida pelas grandes marcas premium.
É o que anunciou o presidente da companhia, Flávio Rocha. Hoje, são 182 lojas no país, sendo 56 no estado paulista. Para este ano, estão previstas mais de 40 lojas, e até 2016 a meta é chegar amais 160. A rede inaugurou recentemente uma loja no Shopping Frei Caneca.
(Érica Ribeiro | Brasil Econômnico)