Magazine Luiza planeja estreia em grande estilo no Rio de Janeiro

Sempre que a empresária Luiza Helena Trajano Rodrigues mostra em suas apresentações o mapa do Brasil com os estados em que o Magazine Luiza está presente, duas ausências saltam aos olhos.

Após adquirir em 2010 a rede de lojas Maia, com sede Paraíba, a varejista só não possui agora filiais no Rio de Janeiro e no Espírito Santo entre todos os estados da região Sul, Sudeste e Nordeste.

A Olimpíada, a Copa do Mundo e os investimentos feitos na exploração de petróleo na região do pré-sal colocam, obrigatoriamente, o Rio de Janeiro em evidência no planejamento estratégico das empresas ligadas ao setor de consumo.

Chegar à Cidade Maravilhosa, cartão postal do País, faz parte dos planos do Magazine Luiza, que deve captar em breve uma cifra estimada em R$ 1,2 bilhão na Bovespa com a oferta pública inicial de ações (IPO, em inglês). Os recursos levantados, de acordo com o prospecto distribuído pela empresa, serão em parte canalizados para aquisições.

Certamente, o Rio de Janeiro será um dos mercados onde a o Magazine Luiza irá prospectar oportunidades. Procurada, a empresa respondeu que está em período de silêncio devido ao IPO e que não poderia se manifestar sobre seus planos.

A seus interlocutores, Luiza tem dito que planeja desembarcar no Rio da mesma forma como estreou na cidade de São Paulo, em grande estilo. Não compensa, segundo ela, abrir uma ou duas lojas em uma cidade tão importante como o Rio de Janeiro, o segundo maior mercado consumidor do País. E, para o  varejo, escala é fundamental.

50 lojas em um dia

Quando fez a sua tão sonhada estreia na Grande São Paulo, em setembro de 2008, o Magazine Luiza inaugurou 50 lojas em um único dia, em diferentes bairros da cidade. Mas, em vez de fazer aquisições, Luiza optou por alugar os pontos na capital ao longo do ano até chegar a um número grande o suficiente de lojas para fazer uma megainauguração.

O Magazine Luiza nasceu em Franca, no interior de São Paulo, e passou a ser a segunda maior rede de eletrodomésticos e móveis do País desde a fusão das redes Casas Bahia e Ponto Frio, no ano passado. A varejista divide hoje, numa disputa acirrada, a vice-liderança do setor com a Máquina de Vendas, empresa resultante da fusão das redes Insinuante, da Bahia, Ricardo Eletro, de Minas, e City Lar, do Centro-Oeste.

As aquisições são perfeitas para as empresas que pretendem ganhar participação de mercado rapidamente. Mas, em compensação, podem custar tão caro que deixam de ser rentáveis.

Para quem procura investir no Rio de Janeiro, o maior obstáculos são justamente os preços na cidade, que já estão nas alturas, sobretudo dos imóveis.

Pontos em locais estratégicos na cidade só tendem a se valorizar daqui para frente, movimento que, na avaliação de alguns consultores, pode levar a uma bolha especulativa.

Apetite por aquisições

Segundo Eduardo Seixas, especialista em fusões e aquisições da empresa de consultoria Alvarez & Marsal, ainda existe muito espaço para aquisições no varejo de eletroeletrônicos. As cinco maiores redes do setor possuem 40% do mercado, índice inferior aos 43% de participação que as cinco maiores cadeias de supermercados possuem hoje no varejo alimentar. No setor bancário, essa taxa de concentração alcança 77%, afirma.

As três grandes redes nacionais de eletroeletrônicos – Globex (Casas Bahia e Ponto Frio), Magazine Luiza e Máquina de Vendas – deverão comprar cadeias regionais para se expandir em estados onde ainda não estão presentes ou tem pouca atuação, afirma Seixas.

O Magazine Luiza, embora não tenha se associado (ainda) a nenhum concorrente como fizeram seus maiores competidores, traçou uma estratégia de aquisições. Desde 1996, a empresa comprou nove redes regionais, segundo Seixas. Parte desses negócios foi bancado com os recursos trazidos pelo fundo americano Capital International, que entrou no capital da rede há cerca de dez anos.

O Capital international deve vender suas ações, ou parte delas, na oferta realizada na Bovespa pelo Magazine Luiza. O fundo acaba de vender sua ações na Arcos Dorados, dona do McDonald’s na América Latina, que realizou uma oferta pública inicial na Bolsa de Nova York na quinta-feira.

Comércio eletrônico

Em seu prospecto, o Magazine Luiza afirma que sua estratégia é crescer com abertura de novas unidades e por meio de aquisições de redes de varejo com lojas físicas ou portais de e-commerce. “Nosso mercado ainda é altamente fragmentado, com várias redes de pequeno e médio porte, o que abre espaço para consolidação futura”, disse a empresa.

Além das aquisições, a empresa pretende se expandir com novas unidades. Apenas nos Estados em que atua o Magazine Luiza identificou 240 cidades com potencial para receber uma unidade da rede. “Avaliamos cuidadosamente as localidades com potencial para instalação de lojas, baseada em estudos de mercado e dados sobre a população local, bem como sobre o perfil de renda, padrão de consumo, tráfego e proximidade de nossos centros de distribuição para definir se a nova praça é atrativa.”

(Claudia Facchini e Marina Gazzoni l IG)

+ posts

Share this post