Fibria se prepara para expansão em 2014

A Fibria, maior produtora mundial de celulose branqueada de eucalipto, está trabalhando a todo o vapor para ter o terreno pronto, em meados de 2014, para a inauguração da segunda linha de fabricação da matéria-prima na unidade de Três Lagoas (MS). O projeto, que envolve investimento total da ordem de R$ 5,8 bilhões, deve ser submetido ao crivo do conselho de administração na metade 2012, se as condições de mercado permanecerem favoráveis à indústria de celulose. E para que esse cronograma inicial seja cumprido, pelo menos 80% das florestas que alimentarão a nova fábrica têm de estar plantadas até o fim do ano que vem.

De acordo com o diretor florestal, de papel, estratégia e suprimentos da Fibria, Marcelo Castelli, a retomada dos aportes em terras e florestas com vistas à expansão já foi aprovada pelo conselho. Os recursos serão adicionais ao orçamento previsto para o próximo ano, que é de R$ 1,5 bilhão em toda a operação, dos quais R$ 1,1 bilhão na área florestal. "Para que a nova linha entre em operação em meados de 2014, a decisão de investimento industrial tem de sair em 2012", diz Castelli.

Do total de 150 mil hectares de florestas necessários ao abastecimento da nova fábrica, que terá capacidade de produção de 1,5 milhão de toneladas por ano, a companhia conta com 30 mil disponíveis. Até o fim de 2011, deverá ter comprado outros 45 mil hectares, completando assim a parcela de florestas próprias que alimentarão a unidade. Os demais 75 mil hectares serão oriundos de parcerias e fomento. Nas próximas semanas, conta Castelli, a meta é acelerar o arrendamento de terras e ter contratados, até 31 de dezembro, 45 mil hectares. Um dos contratos deve ser assinado com a Brasilwood Reflorestamento, para entrega de madeira de eucalipto que será usada em parte na produção atual.

Hoje, no município sul-mato-grossense, a companhia resultante da fusão entre Aracruz e Votorantim Celulose e Papel (VCP) atinge picos de produção diária de mais de 3,8 mil toneladas de celulose. A média anualizada indica ritmo de 1,3 milhão de toneladas anuais, o que garante à unidade o título de maior linha única de produção em operação no mundo. Na região, a Fibria conta com 239 mil hectares de área total, 155 mil dos quais dedicados ao plantio de florestas, com 40% de área de preservação, acima do mínimo exigido pela legislação.

Com distância média entre floresta e fábrica de 66 quilômetros em 2010 e 2011, a unidade de Três Lagoas só perde para os cerca de 50 quilômetros de raio médio da Veracel, joint venture entre Fibria e Stora Enso, o que contribui para o alcance de custos de produção de celulose mais baixos. Com a implantação da segunda linha, esse indicador deve chegar a até 100 quilômetros, ampliação que deverá ser compensada por produtividade no processo industrial.

Para atender à demanda adicional por madeira, a Fibria terá ainda de dobrar a capacidade de seu viveiro em Três Lagoas, onde atualmente são produzidas 15 milhões de mudas por ano. Em paralelo, seguirá investindo no processo de certificação de seus fornecedores e, até 2011, toda a madeira recolhida para uso na fábrica será certificada – em Mato Grosso do Sul, a Fibria possui os certificados Cerflor e FSC (do inglês Forest Stewardship Council).

Segundo o diretor de operações industriais e engenharia da Fibria, Francisco Valerio, a unidade de Três Lagoas, que consome perto de 13 mil metros cúbicos por dia de madeira, já foi desenhada para receber a segunda linha, o que deve gerar economias quando da execução do projeto.

No quesito energia, por exemplo, a fábrica é hoje autossuficiente, com capacidade de co-geração de 120 megawatts médios, ante consumo próprio de 91 megawatts médios. "Para abastecer uma nova linha, os investimentos em energia serão menores comparativamente aos que foram feitos para colocar em operação a primeira", diz Valerio.

Também a logística para escoamento da celulose até o Porto de Santos, onde a companhia opera um terminal exclusivo para exportação, será aproveitada. Antes do início da operação da nova fábrica, conta Valerio, devem estar concluídos o contorno ferroviário de 12,4 quilômetros do município, que será administrado pela ALL, e o ramal de 40 quilômetros, de responsabilidade da empresa, que possibilitará a ligação direta entre unidade e porto.

A chegada da Fibria mudou radicalmente a economia de Três Lagoas e gerou crescimento de 300% no produto interno bruto (PIB) do município – no PIB estadual, o impacto foi de 13%. Além do projeto de expansão da companhia e dos planos de instalação de uma nova fábrica da International Paper (IP), a Eldorado Brasil, que tem como sócios a J&F, holding que controla a JBS Friboi, e a MCL Empreendimentos, do empresário Mário Celso Lopes, já iniciou as obras para implantação de uma unidade fabril de celulose de eucalipto, também com capacidade para 1,5 milhão de toneladas por ano, com início de operação em 2012.

(Stella Fontes | Valor)

 

 

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