Petrobras lucrou R$ 10,9 bilhões no primeiro trimestre

RIO – A Petrobras registrou lucro líquido recorde de R$ 10,985 bilhões de janeiro a março deste ano, conforme balanço divulgado na noite desta sexta-feira. Houve aumento de 42% em relação ao primeiro trimestre de 2010 (R$ 7,7 bilhões), principalmente, devido ao aumento nas receitas de vendas, à redução dos custos dos produtos vendidos e à redução de 5% nas despesas (R$ 439 milhões). A receita de vendas nos três primeiros meses do ano somou R$ 54,8 bilhões, 9% maior do que em igual período de 2010.

Na comparação com o lucro líquido do quarto trimestre do ano passado (R$ 10,6 bilhões), houve crescimento de 4%.

Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de janeiro a março foi de R$ 16,093 bilhões, com alta de 7% na comparação anual. A produção, segundo o documento divulgado pela companhia, cresceu 3% em relação ao primeiro trimestre de 2010.

Em 2010, o lucro da Petrobras chegou a R$ 35,189 bilhões, um aumento de 17,1% frente aos R$ 30,051 bilhões apurados no ano anterior.

Divulgação do Plano de Negócios de 2011 a 2015 é adiada

O Conselho de Administração da Petrobras decidiu adiar a divulgação do Plano de Negócios da empresa para o período de 2011 a 2015, que foi analisado durante reunião nesta sexta-feira. Os conselheiros teriam decidido adiar a sua aprovação com objetivo de avaliar melhor o plano de investimentos.

A produção de petróleo da Petrobras não conseguiu avançar entre o quarto trimestre do ano passado e os três primeiros meses de 2011. Entre janeiro e março deste ano, a produção total de petróleo e gás natural da estatal no Brasil e no exterior atingiu a média de 2,627 milhões de barris de óleo equivalente (BOE) por dia, uma leve queda de 0,03% frente aos 2,628 milhões de BOE do quarto trimestre de 2010.

Produção não avança

Na comparação com os três primeiros meses do ano passado, quando foram produzidos 2,547 milhões de BOE em média por dia, houve alta de 3% na produção.

Considerando-se apenas a produção nacional de óleo e gás natural, a estatal atingiu a média diária de 2,385 milhões de BOE por dia no primeiro trimestre deste ano, uma leve alta de 0,04% frente aos 2,384 BOE de média dos últimos três meses de 2010.

Na comparação com o primeiro trimestre de 2010, o crescimento da produção nacional foi de 4%, contra 2,302 milhões de BOE por dia.

A produção apenas de petróleo e líquido de gás natural (LGN) no país no primeiro trimestre atingiu a média diária de 2,044 milhões de barris diários, uma alta de 1% frente aos 2,030 milhões de barris por dia do quarto trimestre e um crescimento de 3% frente aos 1,985 milhão de barris diários no primeiro trimestre de 2010.

Segundo a estatal, o crescimento da produção no Brasil em relação ao volume de um ano antes foi sustentada pela elevação dos volumes produzidos em plataformas existentes e, principalmente, pelo aumento de produção do piloto do campo de Lula (antigo Tupi), no pré-sal da bacia de Santos, e dos testes de longa duração (TLDs) de Tiro, Sidon e Guará.

Diferença entre petróleo vendido pela Petrobras e o Brent aumenta

A diferença entre os preços de venda do óleo vendido pela Petrobras e o barril do tipo Brent cresceu de US$ 3,32 por barril na média do primeiro trimestre do ano passado para US$ 10,93 por barril entre janeiro e março deste ano.

Impossibilitada de elevar os preços dos derivados como gasolina e diesel no mercado brasileiro, a estatal viu no primeiro trimestre deste ano o preço do petróleo nacional vendido atingir US$ 94,04, 29% a mais que os US$ 72,92 do primeiro trimestre do ano passado. Na mesma comparação, o petróleo tipo Brent subiu 38%, passando de US$ 76,24 para US$ 104,97.

Já as cotações dos derivados vendidos no mercado interno subiram apenas 12%, avançando de US$ 87,29 por barril para US$ 98,15 por barril.

Na comparação com o quarto trimestre de 2010, a trajetória é a mesma. Enquanto o Brent subiu 21%, de US$ 86,48 para US$ 104,97, o petróleo nacional aumentou apenas 18%, de US$ 79,70 para US$ 94,04. E os preços dos derivados nessa comparação aumentaram apenas 5%, de US$ 93,66 para US$ 98,15.

Já a evolução dos preços dos derivados no mercado interno, em reais, foi de 4% entre o primeiro trimestre de 2010 e os três primeiros meses de 2011, passando de R$ 157,65 para R$ 163,72. Na comparação com os R$ 159,00 do quarto trimestre, a alta foi de 3%.

Essa alta do preço médio dos derivados no mercado interno foi atribuída aos maiores preços praticados na nafta, com alta de 13%, e do querosene de aviação (QAV), com aumento de 20%.

Aumentos no mercado internacional não foram repassados

O resultado da Petrobras, segundo analistas de mercado, foi influenciado pelo fato de a companhia não ter repassado, para os preços da gasolina e do óleo diesel, os aumentos das cotações do barril do petróleo no mercado internacional, que vêm ocorrendo desde o início do ano. Segundo o especialista Adriano Pires Rodrigues, ao segurar os reajustes, a Petrobras deixou de arrecadar cerca de R$ 900 milhões nos três primeiros meses do ano. Apesar disso, o ganho veio acima do esperado pelo mercado. Em média, os analistas esperavam ganho de R$ 9,7 bilhões.

Para analistas, a alta de 7% nas vendas de derivados e gás natural no mercado interno neste início de ano veio acima do esperado. Isso, acreditam, neutralizou parte das perdas pelo não repasse do avanço na cotação do petróleo no mercado internacional ao preço final da gasolina e do diesel. Porém, há outros fatores. Nelson Rodrigues de Matos, analista da BB Investimentos, destacou que parte das exportações no fim do ano passado foi considerada como receita neste início de ano, já que estavam em andamento no fim de 2010.

O avanço das vendas refletiu o crescimento econômico do país, com destaque para o aumento de 13% nas vendas de gás natural neste início de ano, em função do crescimento industrial e da maior demanda por geração de energia – disse um analista que não quis se identificar.

Os especialistas destacaram ainda que o resultado poderia ter sido maior não fosse o aumento de 17% no volume de importação de petróleo feito pela estatal. Lucas Brendler, analista da corretora Geração Futuro, destaca que os preços no exterior são maiores que os cobrados no Brasil. Com isso, o resultado da estatal acaba sendo afetado, já que há um aumento nos custos. A diferença entre o preço do petróleo nacional e o do tipo Brent aumentou 230%, de US$ 3,32 para US$ 10,93 o barril.

(Valor)

Website | + posts

Share this post