Nova aposta da Tishman em São Paulo

Depois de mais de quatro anos sem novos lançamentos corporativos na capital paulista, a americana Tishman Speyer volta à cidade com o seu maior investimento no Brasil: R$ 600 milhões. Antiga sede do Parque Beto Carrero, o terreno – que está nas mãos da empresa há mais de três anos e demorou para ser aprovado – acabou na frente do novo cartão postal da cidade: a Ponte Estaiada da Marginal Pinheiros, na Zona Sul de São Paulo. Não por acaso, mudou até de nome. De Torre IV para Tower Bridge.

Será uma única torre com 138 mil m2 de área construída, prevista para ser entregue em julho de 2012. O terreno foi comprado da Brookfield, que agora é responsável pela construção do projeto, que começou este ano.

Para se ter uma dimensão do investimento da Tower Bridge, no Rochaverá, outro empreendimento da Tishman que começou a ser construído em 2006 na zona sul de São Paulo, também foram investidos R$ 600 milhões, mas em quatro torres. No Ventura, duas torres comerciais no Rio, foram investidos R$ 500 milhões. O projeto de três torres de alto padrão, que está sendo erguido em Brasília, está orçado em R$ 500 milhões.

A Tishman, dona do Rockfeller Center, já teve capital aberto nos Estados Unidos na década de 70, mas mudou sua estrutura de captação de recursos para fundos de longo prazo. Levanta dinheiro com investidores estrangeiros e devolve o retorno após a venda dos ativos. Ao todo, captou cerca de R$ 1,5 bilhão em dois fundos exclusivos para o Brasil (R$ 1,2 bi no primeiro e R$ 260 milhões no segundo). O dinheiro da Tower Bridge veio do primeiro fundo.

Apesar do alto retorno obtido na venda dos empreendimentos e entregue aos investidores -as duas torres do Ventura custaram R$ 500 milhões e foram vendidas por R$ 1,1 bilhão – a Tishman vive uma fase de maturação de projetos antigos. Além de Brasília, está construindo o segundo prédio em Alphaville – o primeiro já foi vendido para a BR Properties – outro no centro do Rio e reforma a antiga sede da Sul América, também no Rio.

Mas está praticamente parada em relação a novas oportunidades de negócios, como a compra de terrenos. Isso porque a captação do terceiro fundo, iniciada em 2010, ainda não foi concluída – apesar do forte apetite pelo mercado imobiliário brasileiro. A empresa não fala sobre fundos em captação. Segundo o Valor apurou, a intenção é captar de R$ 400 a R$ 500 milhões. "Não temos definição de fundos, mas temos olhado projetos", diz Daniel Cherman, presidente da Tishman.

Com a demora da finalização do fundo, a Tishman acabou colocando capital próprio para fazer a sua última grande aquisição: um terreno ao lado do Porto Maravilha, no Rio, cujo projeto é estimado em R$ 250 milhões. O presidente da companhia, Rob Speyer, chegou a vir para o Brasil e, de acordo com fontes de mercado, tinha intenção de ter uma participação mais expressiva no projeto, que já estava negociado para outras empresas.

Na área residencial, a Tishman, que chegou a ir para a classe média, volta para o alto padrão. Ainda está em fase de vendas de um empreendimento de médio padrão com 1,2 mil unidades, mas lança, ainda este ano, dois produtos mais "nobres", na Vila Nova Conceição e no Morumbi, com valor geral de vendas de R$ 600 milhões.

A Tishman é dona de um dos últimos grandes terrenos da Faria Lima, mas não vinculou o projeto a compra de Cepac”s (títulos que permitem ampliar o potencial construtivo na região das Operações Urbanas), caso que ficou conhecido no mercado imobiliário. Segundo Cherman, a empresa conseguiu equacionar a questão das Cepac”s e vai fazer um empreendimento de escritórios de 25 mil m2 de área locável, em fase de aprovação na prefeitura.

(Daniela D”Ambrosio | Valor)

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