As sucessivas reduções de estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e a instabilidade política que se instalou com os protestos que tomaram conta das ruas não foram suficientes para adiar os planos da Bayer CropScience. A divisão de agronegócios do grupo alemão Bayer se prepara para adquirir mais empresas no País e expandir sua atuação no mercado nacional da Soja, catapultando o Brasil para a primeira posição no ranking dos países mais importantes para o grupo.
“O Brasil se tornará o principal mercado da Bayer CropScience no mundo em menos de cinco anos, superando os Estados Unidos, que atualmente ocupam a primeira posição nos negócios da companhia”, diz Liam Condon, presidente global da companhia, em entrevista ao DCI durante a conferência anual em Monheim, na Alemanha.
“Devido à importância do Brasil para os negócios da Bayer CropScience, estamos investindo significativamente no País. Toda nossa atenção está voltada para o mercado brasileiro, já que é a parte mais importante dos nossos aportes”, diz Condon. “Em 2013 já realizamos duas aquisições no País na área de Soja, segmento no qual buscamos expansão. Nos próximos anos compraremos mais empresas, já que o Brasil é um país de extrema importância para o grupo”, acrescenta.
No segundo trimestre deste ano, a Bayer CropScience adquiriu a Wehrtec – grupo de Cristalina (GO) especializado em sementes de Soja – e a Agropastoril, banco de germoplasma (tecnologia para a produção de sementes) de Soja de Cascavel (PR). Para as futuras aquisições, no entanto, Condon preferiu não fixar prazos ou possíveis alvos da companhia.
“O que acontece hoje no Brasil é uma situação peculiar. Existe muita tensão na sociedade em função das diferenças entre as classes sociais. Mas a área Agrícola do Brasil é muito forte e segue crescendo. Sem a Agricultura, certamente o Brasil estaria em uma situação econômica terrível”, diz Condon.
“A indústria do agronegócio no Brasil tem uma performance muito significativa. Por isso, essa instabilidade econômica não afeta negativamente os negócios da companhia porque esse é um setor no qual o Brasil é muito forte”, acrescenta.
A América Latina representa hoje 20% dos negócios da Bayer CropScience. Segundo o presidente global da companhia, o Brasil é responsável por mais da metade dessa porcentagem. “A fatia exata do Brasil nesta soma não é possível mensurar. Mas quando falamos de América Latina, certamente estamos falando de Brasil”, diz Condon.
Além das aquisições, os pequenos produtores também estão no foco da companhia alemã. O grupo acredita que os agricultores menores são a chave para o fornecimento sustentável de alimentos no mundo e, por isso, merecem a mesma atenção que os grandes produtores recebem. “Queremos atingir não só os grandes produtores, mas também os pequenos, tanto no Brasil como em outras partes do mundo. Na região do cerrado temos um plano em expansão. Queremos oferecer o que há de melhor em tecnologia para esses pequenos produtores. Para nós não importa se são pequenos ou grandes produtores, afinal, todos merecem ter acesso à tecnologia de ponta”, ressalta Condon.
Os ambiciosos planos de expansão da companhia, no entanto, podem esbarrar em outras gigantes que atuam no mercado brasileiro. Mas os executivos da Bayer CropScience acreditam que há espaço para dois grandes players atuarem no Brasil. Kremer cita o exemplo norte-americano: “nos Estados Unidos dividimos o mercado com a Monsanto e não temos problemas com isso”, diz. Já Condon destaca o aumento gradual da participação da empresa no mercado nacional. “Não precisamos copiar a concorrência. Temos uma plataforma de negócios bem-sucedida no País. Temos um programa de pontos no Brasil que, em vez de o produtor receber descontos sobre os produtos, ele ganha outros tipos de serviços como os relacionados com a agronomia e consultoria financeira”, diz o presidente do grupo.
Brasil se destaca no resultado
A expectativa da empresa é fechar o ano com 9 bilhões de euros em faturamento e, em 2015, atingir a casa dos 10 bilhões de euros. No Brasil, no ano passado, a Bayer CropScience registrou faturamento de R$ 3,1 bilhões, incremento de 38% em relação ao ano anterior. A divisão Agrícola representou 56% do total das vendas do Grupo Bayer no Brasil.
Além disso, a empresa destinará 1 bilhão de euros ao seu programa de investimentos, elevando o total de despesas de capital para o período 2013-2016 para aproximadamente 2,4 bilhões de euros.
A companhia também anunciou investimento de aproximadamente 380 milhões de euros em uma fábrica do herbicida glufosinato de amônio dos Estados Unidos. O início das operações da nova planta está previsto para 2015. “Com cerca de 380 milhões de euros destinados para esta fábrica, este é o maior projeto de construção na história da Bayer CropScience”, informa Condon.
(Fusões e Aquisições)