Pearson estreia em livro didático no Brasil

SÃO PAULO – A Pearson – grupo britânico que adquiriu os sistemas de ensino da SEB por R$ 900 milhões em junho – está entrando no apetitoso mercado de livros didáticos, que movimenta aproximadamente R$ 2 bilhões.

"Já conseguimos aprovar um livro de física e as obras das outras disciplinas estão em análise pelo FNDE [órgão do MEC que adquire livros didáticos]. Mas independentemente dessa aprovação, vamos entrar no mercado de escolas privadas a partir do próximo ano", disse Nilson Curti, novo presidente da Pearson Brasil.

O conteúdo dos livros didáticos será proveniente das apostilas e, principalmente, da Pearson, que conta com um vasto arquivo nas áreas de exatas, biológicas, humanas e idiomas já usado nos mais de 70 países em que atua. Nas disciplinas regionais como língua portuguesa e história do Brasil, por exemplo, serão reaproveitados os conteúdos dos sistemas de ensino do SEB (COC, Dom Bosco e Pueri Domus).

"Na época da aquisição, várias pessoas falaram que a Pearson pagou muito caro. Mas não é bem assim porque as duas empresas têm grande potencial de sinergia e isso é que foi avaliado", explicou Curti, que há três meses substitui Guy Gerlach no comando da Pearson Brasil.

Nesse processo de integração, previsto para terminar no fim do ano, a Pearson quer reforçar sua atuação na área de idiomas aproveitando a base de clientes dos sistemas de ensino. A ideia é oferecer aulas de inglês ou espanhol para os 550 mil alunos que estudam com as apostilas ou para os 50 mil professores que trabalham nas escolas que adotam os sistemas de ensino. Há ainda projetos de oferecer cursos bilíngues nas escolas que usam as apostilas da SEB.

Na época do anúncio da aquisição, em julho, a empresa britânica informou o plano de investir no Brasil US$ 100 milhões até 2015 e atingir 1 milhão de alunos das redes privada e pública estudando por meio dos sistemas de ensino.

A Pearson Brasil fatura R$ 150 milhões com sistemas de ensino no Brasil. A área é responsável por 65% do faturamento da companhia no país. A empresa não divulga as vendas totais, mas a partir desses dados pode-se calcular que atinjam cerca de R$ 230 milhões, incluindo as áreas de idiomas e serviços para o ensino superior.

A operação brasileira da Pearson representa 60% dos negócios na América Latina. Globalmente, a unidade americana, que engloba também o Canadá, é a mais importante para a empresa britânica, que é dona também do jornal "Financial Times" e da revista "The Economist".

O grupo Pearson encerrou o ano com faturamento mundial de US$ 9,2 bilhões – 10% mais que 2009. A divisão de mídias digitais foi uma das que mais cresceram, com alta de 29%, segundo Curti.

(Beth Koike | Valor)

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