Plano de negócios vai definir venda da EDP

As quatro propostas recebidas pelo governo português para a compra de 21,35% do capital da empresa de energia EDP ainda estão no páreo. Segundo fontes a par das negociações, as quatro ofertas em termos financeiros são fortes e não muito distantes uma da outra. Desta forma, o que vai definir mesmo o vencedor será o plano de negócios e investimentos apresentados. A expectativa é de que o governo tome a decisão ainda neste ano, mas não há prazo oficial para a divulgação do vencedor.

A imprensa portuguesa noticiou ontem que as propostas ficaram entre € 2,3 bilhões e € 2,7 bilhões, sendo o ágio proposto pelos chineses da Three Gorges Corporation o maior deles (mais de 40% em relação ao preço de mercado). A diferença entre a menor e a maior proposta seria de 20%. As outras propostas foram apresentadas pela Eletrobras, Cemig e pela alemã E.ON. Executivos das empresas dizem que o ágio de mais de 40% dos chineses é muito elevado, mas mesmo assim as empresas contam com o plano de negócios que já foram apresentados.
 
Para privatizar a EDP, o governo português exigiu um amplo plano de negócios e compromisso de investimentos no país e na companhia. A empresa alemã E.ON, por exemplo, fez proposta para desenvolver o mercado de energias renováveis em Portugal. O plano industrial tem forte relevância na proposta porque, com o país em crise, o governo quer garantir geração de empregos e investimentos por parte da companhia elétrica. A EDP equivale em Portugal à Petrobras no Brasil.

De acordo com o jornal "Financial Times", a primeira ministra alemã Angela Merkel apoia a proposta da E.ON e teve conversas com o governo português para falar das vantagens de a empresa alemã levar o negócio. Mas também os governantes brasileiros e chineses defenderam suas propostas. A Eletrobras é forte candidata e tem total apoio do BNDES no negócio. Fontes próximas à empresa contam que o banco inclusive deve apoiar futuros investimentos. Há duas semanas, um decreto presidencial alterou o estatuto do banco permitindo financiamento de novos investimentos a serem feitos por empresas brasileiras no exterior.

Os chineses são os mais fortes em termos de proposta financeira, mas isso já era esperado pelo próprio governo português. Quem corre por fora é a Cemig, mas a estatal mineira ainda está na expectativa de que seu plano de negócios impressione os portugueses. Tanto para a Eletrobras quanto para a Cemig, a compra da EDP será usada para a internacionalização dos negócios. No Brasil, a EDP é dona da distribuidora Escelsa e Bandeirante, além de um parque gerador de 1.500 megawatts (MW).
 
A imprensa portuguesa especula que hoje a Parpública, que é a empresa do governo a qual estão vinculadas as ações da EDP, entregue as propostas ao governo. Mas não existe cronograma oficial.

(Josette Goulart | Valor)

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