Depois de 35 anos de experiência no varejo, comprando e vendendo alimentos, Hugo Bethlem, que deixou em setembro a vice-presidência do Grupo Pão de Açúcar, agora vai vender a refeição pronta. A partir da semana que vem, começa a funcionar no Brasil a primeira loja da rede de culinária rápida de massas Quasi Pronti, da qual ele é sócio. De origem portuguesa, a empresa está desde 2001 na Europa. Tem vinte lojas em Portugal, oito na Romênia e uma na Espanha. Em 2012, a rede faturou 6 milhões em Portugal. “Saí do Pão de Açúcar principalmente por causa da mudança de controle da empresa. Sempre acreditei no lado expansionista e senti que a gestão do Casino seria muito controladora e restritiva”, diz Bethlem.
Ele conta que durante a sua carreira teve a sorte de ser um “empreendedor corporativo”. Quando começou no Carrefour, a rede francesa tinha apenas quatro lojas no País. Quando entrou no Pão de Açúcar, o grupo faturava R$ 9 bilhões; hoje vende R$ 60 bilhões. “Depois de ajudar a escrever várias histórias empresariais, resolvi escrever a minha história.”
A história de Bethlem começou 30 anos atrás, quando ele conheceu o português António Relva Ribeiro, que também trabalhava no Carrefour e que era um empreendedor. Depois de passar pelo Sé Supermercados e pelo Pão de Açúcar, empresas para as quais Bethlem trabalhou, e pelo McDonald?s, Relva voltou para Portugal porque o Brasil era um “país temerário”. Junto com os irmãos iniciou a empresa Quasi Pronti.
Ciclo
“Parece que o mundo é cíclico: hoje Portugal está em crise e o Brasil é o país do futuro”, diz Bethlem. Segundo Enzo Donna, diretor da consultoria ECD Food Service, a Quasi Pronti já é a segunda rede portuguesa de fast food que desembarca no Brasil. Em 2011, a hamburgueria H3, famosa em Portugal, abriu sua primeira unidade no mercado brasileiro.
Desde 2008, Relva planejava trazer uma unidade da Quase Pronti para o País. A oportunidade surgiu em 2012 com a saída de Bethlem do Pão de Açúcar. Relva e Bethlem formaram uma companhia na qual eles são donos de 50%. Relva entrou com a marca e com a tecnologia para preparar massas em até dois minutos na presença do cliente. A outra metade da empresa é de investidores. São 13 pessoas que, junto com Bethlem, aplicaram R$ 5 milhões de recursos próprios.
O dinheiro será usado na abertura de cinco lojas em shoppings até fevereiro de 2014. A primeira começa a funcionar na semana que vem no Shopping Ibirapuera. Já estão contratadas lojas nos shoppings Pátio Paulista e Aricanduva. Outras duas estão em fase de negociação. Quando as cinco lojas estiverem funcionando, a expectativa é que faturem R$ 16 milhões no primeiro ano de operação.
Bethlem conta que o alvo da empresa é a nova classe média com emprego formal. Essa classe conta com os benefícios do vale-refeição, não tem tempo para fazer refeições em casa e evita sanduíche.
Cardápio
Serão três menus semiprontos, que incluem massa, molho, sobremesa e bebida, por um preço que varia entre R$ 17,90 e R$ 19,90. “Nosso preço cabe no tíquete”, diz Bethlem. Donna, da ECD, observa que o gasto médio na praça de alimentação varia entre R$ 20 e R$ 23. No Spoleto, concorrente do Quasi Pronti, o valor gira em torno de R$ 23. Procurado, o Spoleto não se manifestou.
Bethlem ressalta que, apesar do preço competitivo, o seu diferencial é a qualidade da refeição. Para isso, ele foi buscar a chancela de grandes marcas, usando os relacionamentos construídos durante anos no varejo de supermercados. As massas são da Barilla, o molho branco da Vigor e a carne da Friboi.
(Isto é Dinheiro)