Sony acelera investimentos no Brasil, terceiro mercado para suas câmeras

A personalização e o rejuvenescimento do design das câmeras fotográficas elevaram o Brasil, em cinco anos, da nona para a terceira posição global no ranking de vendas da Sony. Depois de registrar o maior crescimento em vendas no mundo em 2010, a gigante japonesa deve registrar uma expansão de 60% no mercado brasileiro este ano, atingindo 2,3 milhões de unidades.

Para fazer frente à demanda, a empresa pretende aumentar em mais de 50% a produção local de câmeras em 2012. O investimento total da Sony no Brasil será de R$ 80 milhões no ano que vem. O valor será aplicado na ampliação do parque industrial de câmeras – que hoje produz cerca de 2 milhões de unidades por ano – e também em logística, para garantir que as novidades cheguem rapidamente às mãos dos consumidores.

"O Brasil ainda é um mercado jovem e com chances muito boas de crescimento", disse ao Estado Masashi Tiger Imamura, presidente da divisão de imagem digital da corporação.

Quando se refere à "juventude" do mercado, Imamura ressalta o objetivo de aumentar as vendas de maior valor no mercado local. Este ano, a companhia inicia a produção local da Alpha, primeiro modelo de fabricação nacional com lente independente. Enquanto um modelo CyberShot custa a partir de R$ 299, a nova câmera Alpha será vendida a R$ 2.499. "A ideia é que o cliente evolua dentro da nossa linha de produtos, passando a buscar produtos mais sofisticados", diz Imamura.

De acordo com dados da consultoria em tecnologia GfK, a Sony domina 48% do mercado de câmeras portáteis no País com o modelo CyberShot. O desafio de Ron Tsutsui, diretor-presidente da operação brasileira da Sony, é agora diversificar o gosto do brasileiro, ainda restrito às câmeras mais simples (e baratas).

Classe C. Para crescer no País, a Sony foi às casas dos consumidores tentar entender qual tipo de produto as pessoas estavam dispostas a comprar. Nas visitas a residências da classe C, ficou claro que era preciso falar mais claramente com o jovem. A empresa atualiza mensalmente o levantamento nos lares da classe média "emergente" e diz já ter visitado 200 residências desde o início do projeto.

De acordo com o gerente geral de marketing da Sony no Brasil, Carlos Paschoal, as decisões de compra da classe média emergente estão concentradas nos filhos, embora o dinheiro saia do bolso dos pais. "É muito comum que os filhos sejam os primeiros a frequentar a faculdade e estejam bem mais em contato com a tecnologia. Logo, a opinião deles conta muito."

Para agradar o jovem e a classe popular, a Sony também "personalizou" suas câmeras, investindo em ousadias de design. Surgiram câmeras coloridas – incluindo um modelo cor de rosa, voltado para as adolescentes – e até pedrinhas de strass foram adicionadas às "caixas" das câmeras.

No entanto, Imamura é claro ao dizer qual é o principal argumento de venda da Sony: "Tentamos nos adaptar aos detalhes que o consumidor quer, com novidades, mas não queremos perder o foco do ponto de vista da qualidade de imagem."

Segundo o executivo, é inevitável que o planejamento de produtos passe a levar mais em conta o que consumidores de países como o Brasil procuram.

(Fernando Scheller l O Estado de S.Paulo)

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