Urbia leva shoppings a cidades do Centro-Norte

Parauapebas (PA), Marabá (PA), Boa Vista (RR), Várzea Grande (MT) e Três Lagoas (MS). Municípios que somam juntos cerca de 900 mil habitantes, menos do que tem sozinha a cidade de Campinas, a maior do interior paulista. Até pouco tempo atrás, dificilmente alguém pensaria em um shopping center nessas cidades do Centro-Norte do país. Mas a saturação de projetos nas grandes capitais, onde o custo do terreno disparou, aliada ao aumento do poder aquisitivo da população mais pobre, tem levado empreendedores como a Urbia a explorar rincões brasileiros.

Criada há apenas dois anos pelo engenheiro André Agostinho e o economista Dario Noronha, a Urbia tem na manga cinco projetos que somam R$ 420 milhões para os próximos três anos. Seu interesse inicial foi por pequenos centros comerciais ("street centers"), mas os sócios investidores (Harpia Ventures e Rimal) quiseram enveredar por grandes empreendimentos.

Cada um dos projetos da Urbia preenche dois requisitos básicos: a cidade está prestes a receber uma enxurrada de investimentos do setor privado ou já anda em ritmo acelerado devido ao bom momento da sua principal atividade econômica. A ambição da Urbia é ser a primeira a instalar um shopping nesses locais, mas ela não está só.

Marabá, por exemplo, com 200 mil habitantes, teve dois shopping lançados neste ano. O primeiro foi o da AD Shopping que, em parceria com o Grupo Leolar, do Pará, anunciou em julho que pretende inaugurar o seu Shopping Pátio Marabá, de 32 mil metros2 de área bruta locável (ABL), em 2012. Em setembro, foi a vez da Urbia apresentar o projeto do Unique Shopping Marabá, de 33 mil metros2 de ABL, que será aberto em 2013. O palco da disputa é a cidade polo do novo projeto siderúrgico da Vale do Rio Doce, que contratou milhares de funcionários para o local.

"Vai ser uma briga boa", resume Dario Noronha, sócio da Urbia. Ex-IBM e AT&T, Noronha estreou no negócio de shoppings como consultor e se tornou investidor. Na disputa por lojas âncoras e satélites para os empreendimentos em Marabá, o empresário reconhece que os dois shoppings, distantes cerca de dois quilômetros apenas, vão ter dificuldades no início.

"Quem saiu na frente vai se sustentar", garante Toni Bonna, diretor da AD Shopping, que investiu R$ 160 milhões no Pátio Marabá, onde serão erguidas uma torre comercial e dois hotéis. "É uma região próspera onde a população não contava com empreendimentos desse tipo, que ofereçam conforto e segurança", diz o diretor da varejista Esplanada, Ely Barreiros, que vai abrir uma loja no Pátio Marabá e outra no Unique de Paraupebas, outro projeto da Urbia, distante 160 quilômetros.

Em Parauapebas, uma jovem cidade de 22 anos que tem a operação de extração de ferro da Vale como principal atividade, será inaugurado em março o primeiro shopping da Urbia. "Nós tivemos que instalar uma subestação de energia na cidade, que não estava preparada para receber um shopping", diz Agostinho, da Urbia. A maior parte dos recursos em Paraupeba e Marabá vem do Banco da Amazônia.

Outros empreendimentos da Urbia estão em Boa Vista, única capital do país sem shopping; em Várzea Grande, que deve se beneficiar com a Copa de 2014 devido à proximidade com o futuro estádio na capital Cuiabá; e em Três Lagoas, considerada a capital mundial da celulose.

(Daniele Madureira | Valor)

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