Vendas em alta atraem Eset ao Brasil

A Eset, companhia de software de segurança da Eslováquia, sempre manteve uma relação atípica com o Brasil. Distanciando-se do modelo adotado por grande parte das companhias de tecnologia e mesmo de outros segmentos, a empresa preferiu focar suas estratégias na América Latina nos países de língua hispânica, em detrimento dos investimentos no mercado brasileiro.

Sob essa visão, a Argentina tornou-se o centro das operações na América Latina e abriga o centro de pesquisa da Eset na região. O Brasil só passou a contar com escritório local em 2009. Até então, a empresa atuava no país por meio de um distribuidor exclusivo.

A passagem de Richard Marko, executivo-chefe da Eset, pelo Brasil, nesta semana, sinaliza a mudança desse panorama. "Queremos reforçar nossa presença por aqui. O país não é apenas o maior da região, mas também o terceiro mercado global de computadores. Isso abre uma grande oportunidade para a empresa", diz Marko.

Além da demanda potencial, o avanço da operação local, nos últimos dois anos, chamou a atenção de Marko. Em 2010, as vendas cresceram 193%, o que levou o Brasil a tornar-se a segunda operação para a Eset na região, atrás do México.

No período, a receita global da companhia cresceu 17%, para US$ 182 milhões. A América Latina representou 6% do faturamento, sendo que o Brasil respondeu por 25% do volume.

Segundo Marko, as estratégias para o Brasil incluem, a princípio, investimentos em marketing e a ampliação da equipe para apoiar o modelo de vendas indiretas, adotado globalmente pela companhia. A abertura de um laboratório de pesquisa no país não está descartada. "Antes disso, porém, temos que consolidar nossa operação aqui", afirma o executivo.

Camillo Di Jorge, executivo-chefe da Eset no Brasil, revela que outro plano é a expansão das parcerias com grandes redes varejistas. "Nossa presença no varejo ainda é tímida e está restrita às pequenas lojas especializadas."

O segmento de consumidores residenciais representa 30% das receitas da Eset no Brasil. As pequenas e médias empresas, com até 249 funcionários, concentram 55% das vendas. A empresa tem cerca de 1 milhão de licenças de software no mercado brasileiro. "Crescemos 61% em receitas no primeiro semestre no país e o plano é fechar 2011 com um salto de 70%", diz.

No contexto das estratégias globais, Marko destacou a oportunidade de a empresa ganhar terreno com os sistemas de proteção para dispositivos móveis. A Eset tem aplicativos para os sistemas operacionais Symbian, da Nokia, e Windows Phone, da Microsoft, e lança neste mês programas para aparelhos com o Android, do Google. O segmento de software e antivírus para dispositivos móveis abre caminho para que companhias de menor porte possam enfrentar gigantes como as americanas Symantec e McAfee.

(Moacir Drska | Valor)

+ posts

Share this post