Hemmer inicia venda direta ao consumidor

Luef preside a empresa e é da quinta geração da família fundadora da Hemmer: "Queremos reforçar nossa presença como líderes de alimentos em conserva no país".

Fundada pelo imigrante alemão Heinrich Hemmer em 1915, a fabricante de conservas e alimentos Hemmer, de Blumenau, iniciou uma curva de ascensão há cerca de três anos com a ampliação da gama de produtos e o início de parcerias com empresas no exterior para estender o portfólio no país. Agora, a empresa dá início à estratégia de aproximação com o consumidor final.

Este mês, a fabricante começou a venda direta por meio do site Empório Hemmer, nome que também vai batizar a loja conceito a ser lançada em fevereiro em Blumenau, no Parque Vila Germânica, palco da Oktoberfest.

No mix de produtos, além do tradicional chucrute – embrião do negócio iniciado pela família há quase cem anos -, do pepino em conserva e da linha de mostardas, a Hemmer buscou parcerias para oferecer novidades ao mercado. Foi assim que trouxe azeite e azeitonas de Portugal e lançou o aceto balsâmico. Como resultado, nos últimos três anos, o portfólio saltou de 100 para 300 itens.

No ano passado, a Hemmer cresceu cerca de 20% e planeja uma expansão semelhante este ano. Com isso, o seu faturamento deve passar de R$ 85 milhões para R$ 103 milhões em 2012.

Além de diversificar, a fabricante ampliou a sua distribuição. "Queremos reforçar a nossa presença como líderes de alimentos em conserva no País", diz o presidente da Hemmer, Ericsson Henrique Luef, da quinta geração da família. Hoje, a empresa está em 10 mil pontos de venda no Brasil, com presença concentrada nas regiões Sul e Sudeste.
 
Mas o consumo de vegetais em conserva, no qual a Hemmer pretende centrar fogo, não vive os seus melhores dias. Muitos competidores aumentaram a sua capacidade instalada para atender a demanda gerada pela classe C, enquanto empresas de outras categorias, que não produziam vegetais em conserva passaram a disputar o segmento.

O resultado foi uma oferta que superou a demanda e os preços caíram. Algumas empresas, como a Brasfrigo, dona das marcas Jurema e Jussara, decidiram interromper temporariamente a produção para que o preço voltasse a se recuperar. Fabricantes ouvidos pelo Valor estimam que, na melhor das hipóteses, a venda de vegetais em conserva cresça 5% este ano.

Esses fatores fazem com que esse mercado, estimado em R$ 1 bilhão por ano, esteja em franca consolidação. Em dezembro, a Bunge adquiriu a marca Etti, da Hypermarcas, que tem uma fábrica em Araçatuba (SP). Em março, foi a vez da americana Heinz, que até então não tinha produção própria no país, comprar a Quero, líder no segmento de vegetais em conserva. A vice-líder é a paulista Predilecta, de São Lourenço do Turvo.
 
O carro-chefe da Hemmer é o pepino em conserva, que representa 15% do faturamento da companhia e é vendido em todo o país. Outra categoria importante para a empresa é a linha de mostardas, que tem uma área de produção específica dentro do layout da fábrica. Segundo a Hemmer, a empresa é a principal importadora de grãos de mostarda do país. A empresa atua ainda com as marcas de combate Tauá e Cigano.
 
Alguns itens do portfólio têm influência germânica – com o chucrute e o peixe na salmoura, que é usado para a fabricação do "rollmops", um tira-gosto alemão feito com uma conserva de peixe cru – tem venda localizada, principalmente em comunidades de imigração europeia, diz Lues.

Localizada no bairro Badenfurt, em Blumenau – no mesmo local em que o imigrante Heinrich começou o negócio em casa -, a fábrica da Hemmer passa por ampliações. Em maio, serão inaugurados três novos galpões com 3,5 mil m 2. A área construída total tem mais de 24 mil m 2.

(Júlia Pitthan e Daniele Madureira | Valor)