A busca por maior eficiência e otimização das tarefas diárias sempre impulsionou o ser humano a criar melhores formas de executar o seu trabalho ou alcançar objetivos ainda inéditos. E as inovações tecnológicas têm sido os marcos das grandes transformações socioeconômicas. Sem essa “mão na roda”, todos os terráqueos viveríamos um cotidiano bem mais árduo e restrito.
No entanto, mudanças também provocam incômodo, desconfiança, preocupação e resistência. Muitos de nós sentem dificuldade em receber a infante realidade que bate à porta, abandonar hábitos consolidados e aprender novos conceitos e modos de agir. Ademais, entre a população economicamente ativa, surge o temor de que seus empregos serão ceifados pelos “robôs”.
Embora essas emoções sejam naturais e legítimas, é importante encarar o mundo que se descortina à nossa frente e identificar os caminhos possíveis para a nossa atuação como profissionais. A luta contra o avanço tecnológico é inglória e infindável.
Em um mercado tão competitivo, aumento de produtividade e alto grau de modernização são elementos indissociáveis. Portanto, as empresas investem em tecnologia para vencer a concorrência. Com efeito, homens e máquinas trabalham conjuntamente em prol dos negócios.
Mesmo vista com maus olhos por algumas pessoas, a inteligência artificial (IA) é capaz de facilitar significativamente a rotina dos indivíduos e incrementar os resultados das organizações. Computadores conseguem desempenhar funções complexas e enfadonhas em um tempo bastante reduzido. Inclusive, realizam feitos humanamente impossíveis, pois ninguém acumula e processa tantas informações de maneira simultânea.
No campo da comunicação, as mídias digitais − e seus meios de monitoramento − assumem um papel estratégico na construção/manutenção da reputação favorável de uma companhia e na captação de clientes. Sendo assim, ferramentas que aprimorem o planejamento e a execução das ações comunicacionais são oportunas.
Nesse contexto, o ChatGPT, assistente virtual inteligente lançado em novembro de 2022, é consideravelmente útil. A partir de um comando simples, pode responder a perguntas dos usuários e redigir diversos modelos de texto em vários idiomas, com base em uma rede de dados incomensurável. Ou seja, representa um universo de possibilidades e uma boa eficácia operacional.
Contudo, a IA é um recurso, não um fim; simplifica a práxis, não necessariamente entrega o produto final. De acordo com o estudo divulgado pela revista Wired UK e liderado por Christer Clerwall, pesquisador e professor de Mídia & Comunicações da Universidade de Karlstad (Suécia), entre as amostras contempladas na pesquisa, os conteúdos gerados artificialmente por um software foram classificados como “descritivos”, “informativos” e “precisos”. Já os elaborados por jornalistas foram avaliados como “bem escritos”, “claros” e “agradáveis de ler”.
Em suma, fica evidente que o pensamento analítico e criativo não perdeu sua relevância, especialmente em uma época de crescente demanda por uma linguagem humanizada. E isso se aplica tanto ao business to consumer (B2C) quanto ao business to business (B2B). Segundo levantamento feito pela McKinsey & Company, 71% dos consumidores esperam um contato personalizado por parte das corporações e 76% se frustram quando as marcas não correspondem a essa expectativa.
Cabe ressaltar, então, que toda interação deve ser munida de um propósito. Para tanto, os comunicadores que usam ou usarão instrumentos de IA não estão ou estarão livres da responsabilidade de particularizar as publicações institucionais. As horas poupadas com a utilização de modernas tecnologias viabilizam maior dedicação ao refinamento dos materiais comunicativos, ao desenvolvimento de projetos diferenciados, ao fortalecimento da identidade empresarial.
Em 2020, McKinsey & Company, em colaboração com a Box1824, revelou que, para a denominada geração Z (nascida entre 1995 e 2010), o posicionamento ético e a expressão identitária das empresas são aspectos orientadores das escolhas de consumo do público. Somente no Brasil, os nativos digitais compreendem 20% dos habitantes. Os conteudistas precisam estar atentos a esse fato ao se dirigirem a sujeitos cada vez mais exigentes.
O compromisso social é fruto de empatia e reflexão, isto é, faculdades mentais. Ao nos depararmos com dados e redações automáticos, devemos nos lembrar de que as referências à disposição nos sistemas informatizados carregam vieses históricos. Logo, uma comunicação engenhosa e engajada implica discernimento.
Enfim, o sucesso das companhias envolve progresso tecnológico, mas não é determinado apenas pela operação automatizada. Por estarem inseridas na coletividade e serem influenciadas por ela, não se desligam dos sentimentos e desejos da labiríntica humanidade.