Grandes empresas retomam pedidos de debêntures à CVM

Depois do fraco movimento de ofertas públicas e restritas de títulos privados de dívida em agosto, mercado de capitais ensaia recuperação.

As grandes empresas brasileiras de capital aberto retomaram em setembro pedidos de análise à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para a emissão de R$ 7,3 bilhões em títulos privados de dívida de longo prazo (debêntures).

Ao mesmo tempo, as empresas de capital fechado puxaram uma mudança no perfil da utilização de recursos captados em emissões de esforços restritos no último ano. “Enquanto as grandes utilizam os recursos para refinanciar passivos, os novos participantes utilizam os recursos para capital de giro e investimento”, constata o diretor de Mercado de Capitais e sócio da consultoria internacional PwC, Diego Fresco.

De fato, na comparação com o mesmo período do ano passado, a participação geral de refinanciamento de passivos caiu de 60% para 40% e a utilização de recursos em investimentos avançou de 22,3% para 28,9%, enquanto o uso para capital de giro subiu de 15,5% para 25,5%.

Nesse contexto, 22 pedidos para emissão de debêntures por esforços restritos nos moldes da instrução n. 476 da CVM foram informados ao site Debêntures da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) no mês de setembro. Se as todas as operações forem concretizadas e registradas, a soma de títulos emitidos poderá alcançar R$ 9 bilhões.

“Não falta demanda para esses títulos privados no mercado, a aceitação é cada vez maior. Os clientes continuam com dificuldade para encontrar debêntures, o que falta são emissões”, avalia a diretora regional da Fradema Consultores Tributários, Maristela Silva, cujo escritório atende 200 clientes no mercado de capitais.

Segundo ela, o mês de agosto foi muito fraco em emissões, mas a diretora espera um crescimento gradativo nos próximos meses, ante a timidez das companhias de captar recursos. “Não teremos volumes expressivos no final de 2012, a recuperação mais consistente ficará para 2013”, prevê.  Essa percepção é compartilhada pelo diretor de Mercado de Capitais da PwC. “O número de emissões é muito pequeno ainda, mas estamos vendo um movimento crescente dos clientes e consecutivamente um aumento moderado na fila de emissores”, observa Diego Fresco.

Ele acredita que com as dificuldades para as empresas acessarem captações externas no mercado internacional, companhias abertas e fechadas devem concentrar os esforços de colocação no mercado doméstico.

De acordo com dados da CVM, o pedido mais recente de oferta pública é datado do último dia 26 de setembro, da Transmissora Aliança de Energia Elétrica (Taesa) no valor de R$ 1,6 bilhão.

Antes da Taesa, foram solicitadas as emissões da Triângulo do Sol Auto Estradas em R$ 620 milhões; Centrais Elétricas Brasileiras em R$ 2 bilhões; Eletropaulo em R$ 750 milhões; Autoban em R$ 950 milhões; Ecorodovias em R$ 800 milhões; TPI Triunfo em R$ 350 milhões e Companhia Telecomunicações do Brasil Central  no montante de R$ 220 milhões.

Já o banco de informações sobre debêntures por esforços restritos da Anbima cita 22 diferentes companhias  em setembro. As maiores operações citadas são do setor de telecomunicações, sendo Embratel com R$ 2,15 bilhões e Telesp com R$ 2 bilhões, e depois na sequência, a da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) com R$ 1,565 bilhão.

Na ponta contrária, entre as menores operações de empresas fechadas, a Hortigil Hortifruti informa captação de R$ 30 milhões, a Casa Doce Indústria e Comércio de Alimentos exibe a emissão de R$ 15 milhões, e a distribuidora Mais Próxima, R$ 10 milhões.

As demais empresas citadas em setembro no banco de informações são: Vessel Logística, Saneatins, Foz Centro Norte, Vertico Limeira, Mills Engenharia, Azul Linhas Aéreas, Usina Jacarezinho, Cecrisa Revestimentos, Companhia de Águas do Agreste, LLX Açú Operações Portuárias, Elektro, Locamerica, Usina Sobrasil, Hospital e Maternidade São Luiz e EDP Energias do Brasil.

(Panorama Brasil)

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